A adoção dos drogômetros nas fiscalizações de trânsito custaria milhões de reais

22/11/2019 às 4:12 pm

Segundo dados da Polícia Rodoviária Federal, somente no feriado da Proclamação da República deste ano de 2019 foram realizados mais de 60 mil testes com etilômetros, conhecidos popularmente como bafômetros, e que medem o grau de alcoolemia de condutores abordados pela fiscalização. Para a realização do teste é utilizado um bocal descartável, de baixo custo e fácil aplicação. O baixo custo dos testes é um dos motivos para que o etilômetro tenha se tornado uma realidade em blitzes policiais de alguns estados brasileiros, reduzindo o número de acidentes, desencorajando a direção aliada ao uso de álcool e assim salvando milhares de vidas.

O sucesso da Lei Seca e das blitzes com etilômetros nos traz uma questão: porque não utilizarmos também o drogômetro, instrumento que detecta a presença de substâncias psicoativas no organismo do condutor? Assim como o etilômetro, o resultado do teste sai em poucos minutos, podendo ser utilizado facilmente na fiscalização nas ruas e estradas. Porém, as semelhanças param por aí.

De mais difícil aplicação, o drogômetro ainda não foi homologado no Brasil e exige uma contraprova que necessita de, no mínimo, 4 dias úteis para sua comprovação. Isso sem mencionar o custo de sua aplicação que é bem superior ao custo do bafômetro. Tomando por base o último feriado, podemos fazer uma conta bem simples: foram realizados 60 mil testes de etilômetro a um valor total de cerca de 60 mil reais. Realizando o mesmo número de testes com os drogômetros, esse custo ultrapassaria os 4 milhões de reais.

Em audiência Pública realizada no dia 15 de outubro na Câmara dos Deputados, o Deputado Mauro Nazif (PSB-RO) demonstrou preocupação com uma possível adoção do uso dos drogômetros em blitzes de fiscalização. “Cada bocal do etilômetro custa centavos. Quanto custa cada teste do drogômetro? 70 reais. A PRF faz em média 2 milhões e meio de exames por ano. O que isso estaria trazendo em termos de economicidade? Está passando de centavos para 70 reais”, disse o reputado. Em outra audiência, realizada no dia 22 de outubro, o coordenador do SOS Estradas Rodolfo Rizzotto completou: “isso daria cerca de 140 milhões por ano, 20% do orçamento total da PRF”.

Rizzotto defende que os exames toxicológicos de larga janela, que já são utilizados desde 2016 para a emissão e renovação das habilitações dos motoristas profissionais das categorias C, D e E, são a alternativa mais eficiente de efetivo combate ao uso de drogas, por impedir que usuários regulares de drogas – exatamente o que é detectado pelo exame toxicológico de larga janela – assumam a direção de veículos que transportam cargas valiosas e vidas.

Além de não representar nenhum custo ao erário, já que quem paga pelo exame é o cidadão interessado em ter a CNH para exercer sua profissão, o exame toxicológico possibilita com precisão científica a detecção de padrões de consumo que incapacitam o usuário à prática de qualquer atividade de risco. O exame toxicológico de larga janela de detecção permite identificar exatamente aqueles condutores que colocam sua vida e a de terceiros em perigo concreto, tanto pelo uso das substâncias psicoativas quanto pelas crises de abstinência. Uma possível crise de abstinência, natural em quem faz uso contínuo de drogas psicoativas e interrompe sem o devido acompanhamento médico, não é acusada no teste com o drogômetro e é dificilmente detectada em uma simples abordagem pontual realizada durante uma fiscalização de trânsito.

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