Alta de mortes no trânsito do Brasil

29/04/2024 às 10:38 am

Depois de caírem até o final da década passada, as mortes no trânsito brasileiro voltaram a crescer. Desrespeito às normas e menor fiscalização contribuem para mudança de tendência.

Aumento de mortes no trânsito brasileiro vem sendo registrado desde 2019 e marca inversão de tendência de queda na curva de mortalidade. Motivos, entre outros, são o desrespeito às normas, menor fiscalização e falta de políticas públicas com punições mais rígidas, apontam estudiosos. O total de mortes passou de aproximadamente 32 mil em 2019 para cerca de 34 mil em 2022, último ano com dados disponíveis no Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), mantido pelo Ministério da Saúde. É a inversão de uma tendência: entre 2014 e 2019, a quantidade de mortes caía ano após ano. Agora, são três anos seguidos de subida. Essa reversão coloca o Brasil ainda mais longe de alcançar o objetivo estipulado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) de reduzir pela metade os números de mortes no trânsito no mundo até 2030.

Como o Brasil se compara ao resto do mundo. Com a tendência atual, o Brasil está ainda mais longe de atingir a meta estipulada pela OMS e incluída no Pnatrans, o Plano Nacional para Redução de Mortes no Trânsito estipulado em 2018 opara diminuir a taxa de mortalidade pela metade até o final da década. Em 2022, aproximadamente 16 de cada cem mil brasileiros morreram em um acidente rodoviário. O objetivo do plano é reduzir esse número para perto de oito a cada cem mil habitantes até 2030, ao nível das proporções de países como Portugal, Coreia do Sul e Cuba. Porém, a tendência atual aponta para a direção contrária. Hoje, a frequência de mortes nas vias brasileiras é maior do que em países vizinhos como Argentina, Uruguai, Colômbia e Peru. A taxa de mortalidade também fica acima da mediana dos outros países da América Latina e Caribe. Ela também é mais alta do que a média de países de renda média/alta, o mesmo nível de renda do Brasil. A Europa tem o trânsito mais seguro do planeta – a Alemanha, por exemplo, tem um registro de quatro mortes para cada cem mil habitantes – e a pior situação acontece na África onde os países mais inseguros têm mortalidade quase três vezes maior que a brasileira. Um país diverso como o Brasil, porém, não é bem resumido com apenas um número. São Paulo, o estado mais rico, tem um nível de mortalidade parecido com o de países do Leste Europeu como Bulgária e Polônia. Já Tocantins e Mato Grosso têm taxas semelhantes à de Serra Leoa, país subsaariano.

Onde as mortes mais crescem. Desde que o total de mortes voltou a crescer, o aumento se concentra nas regiões Norte e Centro-Oeste. O crescimento é mais intenso em estados como Mato Grosso, Roraima, Rondônia e Amapá. No início da década passada, quando a mortalidade atingiu patamares recordes antes de começar a cair, um aumento significativo também acontecia no Nordeste. De 2019 para cá, porém, os estados nordestinos apresentam estabilidade na taxa de mortes – ainda que em um nível alto.  Outro fator importante é a composição da frota: em alguns estados, há uma proporção maior de motocicletas. Como elas são mais baratas que outros tipos de veículo, geralmente há uma quantidade maior em regiões mais pobres. As motos são o modo de transporte que mais causam mortes no país, proporcionalmente. Em caso de colisão, não há nada protegendo o corpo do condutor e os sinistros costumam ser mais graves.

Como reduzir mortes – De acordo com os pesquisadores, aumentar a segurança no trânsito exige aumentar também a fiscalização e as campanhas de conscientização. Entretanto, eles destacam outras ações fundamentais como, por exemplo, coletar dados sobre onde, quando e como os acidentes acontecem. Isso ajuda a identificar trechos perigosos, vias com manutenção precária e outros problemas críticos. Segundo os especialistas, há a necessidade de mudar a concepção do trânsito, priorizando a segurança e a vida dos usuários (pedestres, ciclistas, motociclistas, condutores e usuários do transporte público) em vez da fluidez.

Fonte: DW em Destaque e Redação Trânsito Livre

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