A imprensa no combate à violência do trânsito

16/08/2023 às 10:04 am

Desde o ano de 2002 a OMS – Organização Mundial de Saúde – mantém um programa de formação viária para jornalistas em todo o mundo, tendo alcançado mais de 2 mil profissionais de redações em cinco continentes.

Nesse programa há a versão em português de um guia para orientar jornalistas a trabalharem reportagens relacionadas à segurança no trânsito em um contexto mais amplo, indo além da simples cobertura factual dos sinistros de trânsito (acidentes) incluindo na abordagem da ocorrência considerações que permitam posicionar o tema como crucial para o cenário de saúde pública. A publicação “Cobertura de segurança no trânsito: um guia para jornalistas” é resultado do trabalho conjunto de editores e repórteres de veículos de comunicação em países de baixa e média renda, onde ocorrem 93% das mortes nas vias. Seu objetivo é auxiliar profissionais de comunicação a compreenderem as várias dimensões da segurança no trânsito e ajudá-los na produção jornalística mais aprofundada, identificando oportunidades de expandir e sustentar as alternativas de soluções para essa violência, predominantemente possível de ser prevenida.

O papel da imprensa – A OMS considera que os meios de comunicação são parte indissociável dos esforços para cortar pela metade, até 2030, as mais de 1,35 milhão de mortes e 50 milhões de lesões graves provocadas anualmente no trânsito. A Iniciativa Programa de Avaliação Rodoviária (iRAP em Inglês) tem um website no qual é mostrado a despesa anual no atendimento das ocorrências. A soma dos gastos de todos os 175 países pesquisados totaliza 2,2 trilhões de dólares, entre tratamentos médicos, socorro emergencial e interrupção no rendimento das famílias afetadas. É algo em torno de 5% do PIB mundial. Mesmo com esses números aterradores, o resultado dos impactos sociais e financeiros provocados por essa violência previsível é abordado de forma superficial, limitada na maioria das vezes pela divulgação de balanços dos “acidentes” que aconteceram nas férias e nos feriados nacionais. A segurança viária é tão relevante para o bem-estar da humanidade que faz parte da Agenda 2030 da ONU e integra os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentáveis (ODS) com a meta 3.6.  Foi ainda motivo de três conferências ministeriais (Rússia-2009, Brasil-2015 e Suécia-2020), nas quais os representantes dos países-membros assumiram vários compromissos para enfrentar o problema e, sobretudo, agir para contê-lo. “Parte do que queremos dos jornalistas é que reconheçam a falha nos sistemas de transportes. Se eles não funcionam bem e as pessoas não vão à escola porque não têm como se locomover, a sociedade vai começar a desmoronar”, evidencia o doutor Nhan Tran, chefe do Departamento de Segurança e Mobilidade da OMS desde 2017. Ele coordena os esforços da OMS para aumentar o conhecimento dos profissionais de imprensa. Não só sobre os problemas do trânsito, mas sobretudo, para identificar possíveis soluções que se apresentam na abordagem que promove sobre o tema. “Estamos ajudando os jornalistas não só a entender o problema, mas como poder enfrentá-lo. Governos devem investir em mudanças nos sistemas. Já a mídia tem o poder de gerar essa demanda na população, incluindo o setor privado e os fabricantes de veículos”, explica Than.

Responsabilidades – De fato, a primeira coisa que jornalistas reaprendem quando se aprofundam no tema da segurança viária é que não devem culpar só condutores e vítimas. Essa é a síntese do conceito Visão Zero criado pelos suecos. No Brasil, por exemplo, a mídia teve grande papel na conscientização da população. Isso ocorreu para o consumo de álcool e drogas no trânsito, o uso de capacetes nas motos, do cinto de segurança, do respeito à faixa de pedestres e no uso da cadeirinha para crianças.

Fonte: Rede de Jornalistas Internacionais, Portal de Trânsito e Redação Trânsito Livre

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