O plástico na construção de estradas

28/06/2018 às 5:43 pm

O plástico é um material revolucionário. Este derivado do petróleo serve para tudo: de circuitos de alta tecnologia ao copinho de café. Ele pode ser maleável ou rígido, grande ou pequeno, líquido ou sólido. Mas sua característica mais importante é ser muito resistente.  E bota resistente nisso: o plástico dura milhares de anos.

Toda essa resistência se torna um problema: quando não está mais em uso, o plástico vira resíduo. De decomposição indeterminada, os resíduos plásticos se amontoam em todos os lugares, das cidades ao fundo dos oceanos. E é um problema que tende a se agravar, visto que em 1950 a produção de plástico no mundo todo foi de pouco mais de 2 toneladas; já em 2015 a produção foi de 448 milhões de toneladas.

Na terra, os resíduos plásticos poluem rios e florestas, além de amontoarem-se em aterros sanitários que crescem em todas as cidades. Nos oceanos, quebram-se em milhares de pedaços, chamados microplásticos, e acabam entrando no organismo de espécies marinhas. Como o plástico não é digerível, permanece dentro de peixes e crustáceos, incluindo os que vão parar na sua mesa.

Não são poucas as tentativas de resolver este problema, e quase todo mundo está habituado a lidar com algum tipo de reciclagem de resíduos plásticos. Mas uma ideia vem chamando atenção de governos e especialistas, por ser simples e ao mesmo tempo eficiente: porque não usar o plástico para construir estradas? Afinal, o asfalto também é derivado do petróleo.

Não é uma ideia totalmente nova, visto que desde os anos 70 cidades da Europa e dos Estados Unidos utilizam resíduos plásticos adicionados ao betume para a construção de estradas sustentáveis. Mas este método esbarra em um problema, pois apesar de tornarem o asfalto mais duradouro e menos barulhento, a adição de plástico torna o processo muito mais caro.

Existem também iniciativas pioneiras, como a de Gana, onde o plástico é transformado em uma espécie de paralelepípedo, adequado apenas a baixas velocidades e pouco tráfego. Na Índia, a adição de plástico na construção de rodovias está sendo testada para tentar diminuir a formação de buracos que se formam em épocas muito chuvosas. O sucesso dessas iniciativas será descoberto com o tempo.

Mas é da Inglaterra que vem uma das maiores promessas do setor. Uma empresa chamada MacRebur anunciou a criação de um “aditivo aglutinante de alto desempenho” chamado de MR6. Esse componente torna o custo da construção de uma estrada de asfalto e plástico consideravelmente menor do que o custo de uma estrada que usa apenas asfalto. Ele também torna as estradas até 60% mais resistentes.

Ao que tudo indica, a produção de plástico crescerá ainda mais daqui para a frente. Roland Geyer, importante pesquisador do tema, afirma: “estamos caminhando em direção a um planeta plástico”. Para resolver este problema, nos resta a tecnologia. Como os recentes avanços demonstram, as empresas de tecnologia e os cientistas estão fazendo sua parte. Ainda bem.

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