20% dos paratletas brasileiros são vítimas de trânsito

14/09/2016 às 4:09 pm

Desde o último dia 7, os olhos do mundo voltaram-se novamente para a cidade do Rio de Janeiro, onde teve início o calendário dos Jogos Paralímpicos. Sem dúvidas, cada atleta envolvido na competição representa um exemplo de superação, de fibra e de vontade de triunfar diante das maiores adversidades que podem ser impostas a um ser humano.

Mas nem só de alegria é feita a história e trajetória de vida dos atletas paralímpicos. Alguns números da competição nos alertam para uma questão sobre a qual não podemos deixar de refletir. Segundo levantamento realizado pela Folha de São Paulo, 1 em cada 5 atletas da delegação paralímpica brasileira foi vítima de acidente de trânsito. Ou seja, 20% dos 282 paratletas do Brasil sofreram as consequências dessa violência que coloca nosso país entre os líderes mundiais de mortalidade nas ruas e estradas.

Entre os 24 atletas brasileiros do vôlei sentado, por exemplo, a maioria apresenta sequelas de acidentes de trânsito. É o caso do bicampeão mundial Renato Leite. Aos 18 anos, queria ser jogador de futebol. Preparava-se para um importante teste quando resolveu comprar uma moto e entregar quentinhas. Numa conversão, ele e um carro desviaram para o mesmo lado. O acidente resultou em fratura exposta na perna, artéria atingida e risco de vida. Renato ficou paraplégico. Por um lado, a sequela do ocorrido o impossibilitou de seguir competindo no futebol, por outro, lhe trouxe a glória no vôlei sentado.

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Atropelamentos, vítimas de motoristas imprudentes, acidentes com motocicleta. Por trás de muitas medalhas paralímpicas existem histórias de vidas que tiveram seus rumos alterados por um trânsito violento que mata, fere e interrompe sonhos.

A importância da temática da violência no trânsito foi reconhecida também durante as Olimpíadas. No revezamento da Tocha Olímpica, por exemplo, o engenheiro Fernando Diniz foi um convidado de honra. Diniz é vítima indireta de trânsito por ter perdido seu primogênito, Fabrício Diniz, em um violento capotamento na Barra da Tijuca, no Rio, em 2003. O condutor Marcelo Kijak era usuário de drogas e bebidas e continua foragido. Fabrício era carona do banco traseiro e estava acompanhado de duas jovens. Os três faleceram no local.

Fernando Diniz transformou seu luto em luta, e fez da dor da perda de seu filho uma batalha contra a violência no trânsito. Iniciou um movimento pessoal, denominado PROSSEGUIR É PRECISO, que tem como foco prestar apoio emocional a outros pais e parentes que, como ele, sofreram perdas repentinas. Na sequência, convivendo com esse lado dramático do trânsito no Brasil criou a Ong TRÂNSITOAMIGO.

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Fernando Diniz carregando a Tocha Olímpica no Rio de Janeiro

Os exemplos de luta e de superação que envolvem vítimas diretas e indiretas do trânsito são muitos, diretamente proporcionais aos altíssimos índices de mortos e sequelados no trânsito brasileiro todos os anos. É importante lembrar que preservar a vida, a saúde e a segurança no trânsito é um dever de todos. Faça a sua parte!

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