TRÂNSITO MATA TANTO QUANTO A VIOLENCIA PÚBLICA

29/01/2021 às 11:06 am

Quinze estados brasileiros estão acima da média e matam mais no trânsito. Entre eles estão Alagoas, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

A cada 10 minutos uma pessoa morre vítima de violência pública no Brasil. Ou seja, 6 mortes por hora. Esse número praticamente se iguala quando se trata de sinistros de trânsito ( a nova nomenclatura estabelecida pela ABNT para as ocorrências traumáticas nas vias de circulação rodoviária no Brasil). A cada 12 minutos uma pessoa morre vítima da violência no trânsito, ou seja, 5 mortes a cada hora, conforme levantamento feito pelo Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV). De acordo com o estudo, o número de mortes causadas por armas de fogo, objetos cortantes e agressões em geral nos últimos cinco anos em todo Brasil (de 2011 a 2015), vitimou fatalmente cerca de 260 mil pessoas no país. No mesmo período considerado pelo levantamento, foram registradas cerca de 210 mil mortes no trânsito, o que corresponde a cinco mortes por hora, ou uma morte a cada 12 minutos.

Mapa da violência pública e no trânsito – No estudo realizado pelo ONSV, cujas fontes são o Ministério da Saúde (mortes), IBGE (população) e Denatran (frota), os estados que apresentaram piores índices de mortalidade por violência são, de maneira geral, também aqueles que apresentam os piores índices de mortalidade no trânsito – portanto, ambas questões sociais.  Segundo a literatura especializada, a taxa de mortes por 100 mil habitantes é um indicador apropriado para medir o nível de segurança pública e a taxa de mortes por 100 mil veículos um indicador apropriado para medir o nível de segurança no trânsito. Baseado nisso, Alagoas é o estado do Nordeste que desponta com índices negativos tanto para a violência pública quanto para a violência no trânsito. Enquanto o Brasil tem, em média, 129 mortes por violência pública por 100 mil habitantes, Alagoas tem 305 mortes por 100 mil habitantes. No caso da violência no trânsito, a média no Brasil é de 234 mortes por 100 mil veículos e Alagoas contabiliza 568 mortes por 100 mil veículos.

Violência X População e Frota – No estudo do Observatório, dos 26 estados brasileiros, mais o Distrito Federal, 18 superaram a média nacional em violência pública a cada 100 mil habitantes. No ranking dos que mais mataram por violência são: Alagoas, Ceará, Sergipe, Pará, Espírito Santo, Goiás, Paraíba, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Bahia. Já no quesito sinistros de trânsito, considerando como índice de avaliação as mortes por 100 mil veículos, 20 estados brasileiros estão acima da média brasileira e matam mais: Piauí, Alagoas, Maranhão, Sergipe, Pará, Tocantins, Paraíba, Ceará, Roraima e Bahia. Ainda no levantamento de dados para o trânsito, considerando como índice de comparação as mortes por 100 mil habitantes, 16 estados brasileiros estão acima da média de mortes no trânsito. No ranking dos que mais matam no trânsito estão Piauí, Tocantins, Mato Grosso, Rondônia, Mato Grosso do Sul, Goiás, Roraima, Paraná, Espírito Santo e Sergipe.

Problema socioeconômico – Para o ONSV a violência pública envolve e depende da solução de problemas socioeconômicos estruturais como, por exemplo, o desemprego, a desigualdade social, policiamento, penalidades, presídios, educação de qualidade, fiscalização das fronteiras, etc. Ou seja, qualquer ação que for realizada deve ser multifacetada e requer grande investimento e, quando implementada, deve ser muito bem “orquestrada” para então termos resultados efetivos. Além disso, os resultados de todos esses esforços e investimentos são colhidos no médio e longo prazo, ou seja, será para as gerações que virão. Já a questão dos sinistros de trânsito depende, sobretudo, da conscientização e consequente mudança de comportamento da sociedade em seus vários papéis que desempenha, seja como pedestre, ciclista, motociclista, motorista e até mesmo, ou principalmente, as autoridades de todas as esferas de poder responsáveis pelo trânsito. “Ou seja, o investimento é infinitamente menor e focado em programas/campanhas efetivas de conscientização”, explica Ramalho, presidente do Observatório que destaca a necessidade de investir num programa estruturado de educação/campanhas para o trânsito em todo o país, de acordo com as ocorrências levantadas em cada região. Sempre alertando que as ações devem ser focadas no chamamento da responsabilidade da sociedade, uma vez que as soluções não dependem só de recursos, iniciativas de governo, etc. e, sim, da atitude de cada um. “As ações serão no sentido que cada cidadão abrace a causa e comprometendo-se em conhecer e respeitar as leis de trânsito pelo bem de todos. Com essa mudança, que depende somente de cada um, será possível alcançar resultados mais significativos a curto prazo, sem grandes investimentos, e com retorno financeiro e social para todos”, diz o observador.

Fonte : Portal ONSV

últimas Postagens