Veículos autônomos não eliminam acidentes

08/06/2020 às 11:22 am

A tecnologia de automotiva de ponta inserida na condução autônoma não é uma garantia que elimine a possibilidade de acidentes como esperado, segundo um estudo do Instituto de Seguros para a Segurança Rodoviária (IIHS) dos EUA. O documento indica que apenas um terço dos acidentes poderá ser evitado se os veículos autônomos adotarem uma postura demasiado próxima à dos condutores humanos.

Recorrendo a uma base de dados de mais de 5 mil acidentes registrados em todo os Estados Unidos, o instituto aponta que apenas um terço desses acidentes foram decorrentes de erros que os veículos autônomos poderiam ter evitado por terem capacidade de percepção mais apurada do que a dos humanos. Para evitar os outros dois terços, esses sistemas teriam de ser programados especificamente para dar prioridade à segurança sobre velocidade, entre outros aspectos.

“É provável que os veículos totalmente autônomos possam eventualmente identificar os perigos melhor do que as pessoas. Mas descobrimos que, só isso, não previne a maioria dos acidentes”, explica Jessica Cicchino, vice-presidente da IIHS pela Pesquisa e coautora do estudo. A equipe do IIHS coordenada pela executiva analisou todos os casos e separou os acidentes relacionados com os humanos em cinco fatores:

Sentidos e percepção – Erros como distração, visibilidade prejudicada ou falha na no reconhecimento dos riscos e perigos.

Previsão – Erros como falhas no julgamento da ação de condutores de outros veículos.

Planejamento e decisão – Erros que incluem condução demasiado rápida ou lenta para as condições da estrada, condução agressiva ou não manutenção de distância de segurança para o veículo a frente.

Execução e performance – Erros em manobras evasivas no controle do veículo.

Incapacitação – Problemas relacionados com o uso e consumo de álcool, drogas, problemas de saúde, cansaço e sonolência ao volante.

No estudo do IIHS, foi imaginado um futuro no qual todos os veículos fossem autônomos e que poderiam eliminar os acidentes causados exclusivamente por erros de percepção ou que envolvessem um condutor incapacitado, uma vez que as câmaras on board e os sensores conseguem monitorar a estrada e, assim, identificar potenciais perigos melhor do que um condutor humano. Além, é claro, de não sofrerem os efeitos humanos de distração ou incapacitação. O resultado dessa simulação indicou que os acidentes resultantes de ‘Sentidos e percepção’ representou 24% do total e os de incapacitação 10%. Os pesquisadores também identificaram alguns acidentes inevitáveis, como aqueles causados por problemas mecânicos como, por exemplo, o estouro de pneus.

Foi ainda estabelecida uma comparação com um caso específico de um veículo autônomo do Uber que vitimou uma mulher no Arizona, em março de 2018. O sistema teve dificuldades em identificar a mulher, mas, assim que o fez, também não foi capaz de prever que a vítima, Elaine Herzberg, iria atravessar a estrada, falhando também na manobra evasiva.

Assim, segundo as conclusões do estudo, se os veículos autônomos tiverem o objetivo de mitigar os acidentes, terão não só de obedecer com rigor as regras de trânsito e se adaptar às condições das vias de circulação mas, também, implementar estratégias que levem em conta a incerteza sobre os outros usuários, o que, inevitavelmente, implicará no estabelecimento de velocidades reduzidas em áreas com fluxo intenso de pessoas e veículos ou em situações de pouca visibilidade.

Fonte: Portal Motor24

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