QUANDO A IGNORÂNCIA ASSUME O VOLANTE

18/04/2022 às 11:28 am

Sigmund Freud, o famoso criador da psicanálise, criou um modelo o qual chamou de Teoria da Personalidade. A psique humana seria formada por três instâncias que interagem e se complementam: Id, Ego e Superego.

Para exemplificar, pense naquela famosa cena, bastante utilizada em filmes e desenhos animados, onde o personagem, em situação de indecisão, a partir de um diálogo interno se depara com as figuras de um anjinho e um diabinho, cada qual sugerindo tomar uma decisão diferente. Imagine que você é o Ego, e a todo o momento é influenciado nas suas tomadas de decisões por um diabinho (Id), que quer saciar os seus desejos mais incontroláveis a todo custo; e de outro lado um anjinho (Superego), que não cansa de tolir cada movimento como se fosse um “pai controlador”. Em outras palavras, o Id atende aos desejos, aos instintos. Já o Superego trata de dar conta da moral, do que é certo ou errado, arriscado e tranquilo, admirado ou repudiado e por aí vai. Mas, o que isso tem a ver com o trânsito? Bem, usemos a seguinte analogia: digamos que o Brasil seja a criança, em termos de segurança no trânsito se comparado a outros países. Uma loja de doces seja o nosso trânsito e, finalmente, o “pai controlador” seja o governo.  A loja de doces do trânsito oferece uma série de novas guloseimas que certamente encantam uma parcela bastante grande (e imatura, por assim dizer) da população: como o aumento do limite de pontuação na CNH de 20 para 40 pontos, o aumento da validade da CNH de 5 para 10 anos e, por fim, o cancelamento dos radares em rodovias federais. Vemos com frequência pessoas nas redes sociais defenderem calorosamente tais medidas, assim como se defendessem seus times de futebol. Não podemos esquecer que, quando se trata de futebol, apenas um dos times perde. No trânsito, entretanto, todos perdemos. Não há empates, só derrotas. E não se perdem só partidas, mas vidas. Muitos não tem, ainda, capacidade de entender em qual das circunstâncias essas medidas se enquadram: se em uma imatura ignorância ou em um puro e inconsequente populismo. Enquanto tentamos entender, fica aqui uma brilhante reflexão aos previdentes e também aos incrédulos e audaciosos:

“O ignorante afirma, o sábio duvida e o sensato reflete. (Aristóteles)”

Fonte: Texto adaptado de artigo de Rodrigo Vargas, Psicólogo de Trânsito. Artigo original clique AQUI

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