Acidente com ex BBB e o uso de cinto no banco traseiro.

06/04/2022 às 3:29 pm

O acidente envolvendo o ex participante de um reality show brasileiro expôs graves problemas que comprometem a segurança no trânsito.

Rodrigo Mussi viajava em um carro de aplicativo de transporte de passageiros que perdeu o controle e bateu na traseira de um caminhão na Marginal Pinheiros. na cidade de São Paulo. O motorista, que nada sofreu por estar atado ao cinto no banco, admitiu que por estar muito cansado cochilou ao volante. Rodrigo, sentado no banco traseiro, não usava o cinto de segurança e foi projetado para fora do carro sofrendo fratura exposta nas pernas, lesões corporais e traumatismo craniano. O fato, que recebeu ampla divulgação pela mídia convencional e nas redes sociais, expôs dois problemas crônicos do trânsito brasileiro. O primeiro, a absoluta ignorância de motoristas e passageiros sobre a importância do uso desse equipamento de proteção individual por todos os ocupantes de qualquer veículo automotor. Além de ser obrigatório ele salva vida e reduz – quando não evita completamente – a gravidade dos ferimentos. O outro, a jornada de trabalho de motoristas profissionais e de aplicativos que, normalmente, supera em muito a capacidade humana de resistir à fadiga. Muitas vezes, nesses casos de horas ininterruptas de direção, valendo-se do uso de substâncias psicoativas que, artificialmente, mascaram o cansaço e a falta de atenção. De acordo com o artigo 167 do Código de Trânsito Brasileiro, todos os ocupantes de um veículo devem usar cinto de segurança. Caso contrário, o motorista pode ser multado em R$ 195,23 reais, uma penalidade grave com 5 pontos na CNH. Apesar de obrigatório, apenas 54,6% da população admite usar o cinto no banco traseiro, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) do IBGE, divulgada em 2021. “Os passageiros têm a falsa sensação de que o banco da frente serve como proteção em caso de acidente. Só que o impacto que uma pessoa sofre em uma colisão é algo em torno 35 vezes o seu peso e não há banco que possa absorver. Quando há uma pessoa no banco da frente, o resultado pode ser ainda mais grave: o passageiro projetado com o impacto esmaga a pessoa sentada à frente e os dois podem ficar gravemente feridos”, comenta o diretor científico da Associação Mineira de Medicina do Tráfego (Ammetra), Alysson Coimbra. De acordo com um estudo da NHTSA (National Highway Traffic Safety Administration), responsável pela segurança no trânsito dos EUA, o uso do cinto segurança no banco de trás pode reduzir o risco de morte em até 43% em casos de colisões ou capotamento.

Longas Jornadas e Drogas – O Código também prevê, para os motoristas profissionais de carga e passageiros que possuem habilitação nas categorias C, D e E, a submissão ao exame toxicológico de larga janela de detecção a cada 2,5 anos. Esse exame identifica com precisão científica se o condutor é usuário regular de drogas estimulantes e, em caso positivo, fica impedido de dirigir por pelo menos 90 dias até a apresentação de um novo exame que apresente resultado negativo. Infelizmente, como o transporte individual de passageiros (taxis e aplicativos) é regulado pelos municípios e poucos exigem a categoria de habilitação profissional, os motoristas desses veículos não são obrigados ao exame e, tão pouco, a respeitar um limite máximo de direção.

Acidente faz empresa mudar suas regras – O aplicativo de transporte 99, no qual o ex BBB estava viajando, divulgou no dia 03 de abril passado novas regras sobre o uso obrigatório do cinto de segurança. Em nota a 99 informou que está expandindo seus esforços para aumentar a conscientização sobre o uso obrigatório do cinto de segurança em todas as corridas, tanto curtas quanto longas. Sob as novas diretrizes, os motoristas cadastrados poderão cancelar viagens se os usuários se recusarem a usar o cinto de segurança. Medida muito importante que, esperamos, seja seguida pelas demais empresas de aplicativos e o segmento de taxi. Isso porque, segundo as estatísticas dos órgãos de trânsito, 90% dos sinistros são provocados por fatores humanos, como sono, desatenção, álcool, drogas e comportamento imprudente.

Nota – Até o fechamento dessa edição, Rodrigo Mussi, vítima da combinação nociva do cansaço do motorista com a negligência ao uso do cinto de segurança, havia passado por cirurgias bem sucedidas e seguia em franca recuperação.

Fonte: Portal i7News e Redação TRÂNSITO LIVRE

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