Acidentes: Prevenção deve ser a prioridade

06/10/2020 às 10:15 am

A combinação de consumo de bebidas alcoólicas e uso de drogas psicoativas, além de ser uma infração muito grave no Brasil e no mundo, ainda é um hábito comum e reprovável. O desafio para as autoridades é, portanto, prioritariamente inibir esse comportamento e, na sequencia fiscalizar e punir quem assim insiste nessa prática letal.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), quase 1,5 milhão de pessoas perdem suas vidas em decorrência de acidentes de trânsito a cada ano no mundo. A fiscalização efetiva combinada com outras ações de educação e convencimento que sempre antecedem a punição, em países mais desenvolvidos como os Estados Unidos, França, Alemanha, Espanha, Austrália e Suécia, dentre outros, são ferramentas para reduzir a violência no trânsito e, especialmente, aquelas relacionados ao uso e consumo de substâncias que alteram sentidos, reflexos e cognição de condutores. Campanhas de conscientização são feitas regularmente e sempre mostrando, sem censura, os efeitos nocivos do comportamento equivocado. Bem diferente do que aqui acontece, onde as campanhas são pontuais (em algumas épocas do ano) e sempre superficiais e suaves, para evitar o choque de imagens que, infelizmente, são diuturnas e reais nas ruas e estradas do país.

Há muito exemplos de sucesso que poderíamos seguir e, assim, evitar números absurdos que nos colocam no “pódium” dentre os campeões de morte no trânsito. Um deses exemplos vem da Russia. O governo daquele país tem incentivado as montadoras lá instaladas a equiparem seus veículos com um equipamento que, acoplado à ignição, inibe a partida do motor. A tecnologia desse equipamento é capaz de identificar, por meio da respiração de quem conduz o veículo, se houve o consumo de alguma substância psicoativa e, assim, impedir que o motor funcione.

Medida semelhante já é adotada na França e na maioria dos estados norteamericanos. Todos os condutores flagrados dirigindo alcoolizados são obrigados, dentre outras penalidades, a instalarem por sua própria conta esse equipamento em seus veículos. Sem isso, ficam impedidos de dirigir. Muitas empresas europeias dos segmentos do transporte de carga, de turismo e passageiros seguem também esse modelo, não só para prevenir acidentes com danos físicos e até letais, mas, também, para proteger o valioso patrimônio representado pela sua frota de alto custo. Uma das fabricantes que oferecem o dispositivo é a Volvo da Suécia, país referência mundial na segurança do trânsito e berço do surgimento, na década de 50 do século passado, do “cinto de segurança”.  O aparelho integra o painel do veículo que sai da fábrica na Suécia com o propósito de impedir que motoristas dirijam sob efeito de álcool, reforçando a política de segurança das empresas que adquirem veículos pesados da Volvo.

Assim como o exame toxicológico, que impede que motoristas de veículos pesados no Brasil que são usuários regulares de drogas, renovem suas habilitações, impedindo-os de circularem nas estradas brasileiras, os “inibidores de partida”, instalados nos veículos de quem já foi flagrado dirigindo alcoolizado ou sob efeitos de drogas é também uma medida de prevenção de grande alcance. Ambos contribuem para conscientizar motoristas e proteger àqueles que, por casualidade, venham a dividir o espaço rodoviário com essas “poderosas máquinas” conduzidas por “furiosos condutores”.

Fonte: Portal O Tempo

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