Colecionador de infrações de trânsito

22/01/2018 às 2:45 pm

Publicado em: O Dia

Independente de ter sofrido ou não uma crise epilética, como alega, o administrador de empresas Antonio de Almeida Anaquim, de 41 anos – motorista do carro que atropelou 17 pessoas em Copacabana, deixando um bebê morto -, é um motorista pouco afeito a seguir as regras de trânsito.

O histórico dele é de péssimo motorista, como comprova o Sistema de Monitoramento de Trânsito do Detran. De 1999 até a noite de quinta-feira, quando houve o atropelamento coletivo, 32 multas foram computadas em seu nome, das quais 11 na categoria gravíssima e quatro de natureza grave. Só nos últimos cinco anos, ele somou 14 multas e 62 pontos na carteira. Quatro delas, aplicadas depois que sua carteira foi suspensa, em novembro de 2014. Anaquim responderá em liberdade por homicídio culposo (sem intenção de matar).

Entre as imprudências no trânsito atribuídas a Anaquim, que resultaram em multas, constam avanços de sinal vermelho, dirigir em alta velocidade, estacionamentos irregulares, inclusive em áreas de refúgios, transitar em faixas exclusivas para outros tipos de veículos e até conduzir veículo sobre calçadas.

No Detran, em seu nome constam três veículos, o Hyundai i30 preto placa KXA-8483, que atropelou as pessoas em Copacabana, e duas motos, que, atualmente, constam como roubadas, uma em 2009 e outra em 2014.

Exame toxicológico

Ontem, fios de cabelo do atropelador foram colhidos pela Polícia Civil, para exame toxicológico, a pedido da direção da ONG Trânsito Amigo.

A análise de cabelo pode acusar a presença de vestígios de drogas supostamente consumidas até 90 dias antes do exame. A polícia também vai intimar o médico de Antonio Anaquim para que ele apresente laudos da suposta doença de seu cliente.

‘Apagão’ ao volante

Antonio Anaquim pode ter tido uma crise que durou menos de um minuto. De acordo com a neurologista Elza Yacubian, da Academia Brasileira de Neurologia, nem todo ataque epilético é seguido de convulsão.

Portadores de epilepsia só podem obter habilitação na categoria B (carros particulares). O Detran informou que Anaquim não atendeu à determinação para entregar o documento em 2014.

A mulher que acompanhava Anaquim disse à polícia que que ele teve um “apagão” na direção. “A principal testemunha é ela”, disse o delegado Gabriel Ferrando, da 12ª DP (Copacabana).

Epilético, o professor da Universidade Veiga de Almeida, Leonardo Caldi, postou ontem no Facebook: “Meus reflexos e os dos epibrothers e episisters que conheço são mais lentos dos que os das pessoas que não tomam remédios”.

‘Acabaram com a minha vida’

Somente na noite de ontem, os pais de Maria Louise, de 8 meses, que morreu em consequência do atropelamento, conseguiram a liberação do corpo no Instituto Médico Legal (IML) para enterro. O sepultamenteo deve ser feito hoje.

Niedja da Silva Araújo, que mora na Ladeira dos Tabajaras, em Copacabana, também foi atropelada e sofreu escoriações nas pernas e no ombro, e foi liberada ontem do Hospital Souza Aguiar.

Na porta do IML, ela falou com a imprensa sem sair do carro, devido às dores. “Eu quis tanto ela, eu lutei tanto para ter ela. Agora eu a perdi assim dessa forma”, disse chorando. “A minha Maria, que eu amo tanto e que ele tirou de mim. Acabaram com a minha vida”, lamentou, pedindo punição para o motorista do Hyundai.

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, dos oito ainda internados, o caso mais grave é o do australiano Daniel Marcos Philips, 68 anos, que mora no Brasil há 20 anos, e está com traumatismo craniano. Philips está internado no Hospital Miguel Couto e respira com auxílio de aparelhos.

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