Como é dar uma voltinha em um caminhão de 53 toneladas

16/01/2018 às 3:07 pm

Publicado em: G1

m alguns anos fazendo a cobertura do setor automotivo, já dirigi centenas de carros, de fabricantes, segmentos e preços diversos. Mas nunca tinha guiado um veículo tão grande e pesado quanto este verde das fotos: o Mercedes-Benz Actros 2546.

O Actros é o caminhão pesado topo de linha da Mercedes no Brasil. A fabricante encerrou 2017 como a líder de mercado de caminhões, com quase 30% de participação.

Como é preciso ter habilitação especial, do tipo E, para sair nas ruas com um grandalhão desses, o test-drive foi na fábrica da montadora em Campinas (SP), onde são produzidos componentes.

CORREÇÃO: a reportagem errou ao informar que para dirigir um caminhão deste porte é necessário CNH do tipo D. Este tipo de habilitação é para conduzir veículo utilizado no transporte de passageiros, cuja lotação exceda a 8 lugares, excluído o do motorista. Na verdade, a exigência é para este caminhão é de carteira do tipo E, para transporte de carga em veículo de carga cuja unidade acoplada, reboque, semirreboque, trailer ou articulada tenha 6.000 kg ou mais de peso bruto total. A informação foi corrigida às 10h10.

Grandes números

Só o cavalo (a parte dianteira, onde fica a cabine) tem 6,87 metros de comprimento – quase o mesmo que 2 Renault Kwid enfileirados. Se somarmos a carreta que estava acoplada no dia do teste, o comprimento salta para 18,6 metros – ou 5 Volkswagen Up! enfileirados.

Para colocar todo este conjunto em movimento, o motor também tem dimensões generosas. O OM 460, tem 6 cilindros em linha e 13 litros. Isso significa que cada um dos cilindros tem capacidade volumétrica de pouco mais de 2 litros. Como comparação, em um carro popular com motor 1.0 de 3 cilindros, cada um deles tem capacidade volumétrica de 0,33 litro.

A potência é de 460 cavalos – até aí nada anormal para o tamanho do propulsor. O torque, como em todo motor a diesel, é que impressiona. São 234 kgfm, entregues integralmente a 1.100 rotações por minuto. É o mesmo que uma frota de quase 24 unidades do Chevrolet Onix 1.0.

Para gerenciar potência e torque, o Actros 2546 usa um câmbio automatizado de 12 marchas, recurso comum para o segmento dos pesados, que puxam mais de 45 toneladas.

Caminho para o autônomo

Com toda esta descrição, a tarefa de dar algumas voltas com um caminhão pesado pode parecer penosa. Grande engano. O Actros 2546 Mega Space Segurança (a versão mais cara e completa do modelo) tem mais tecnologia do que alguns carros de centenas de milhares de reais.

Infelizmente, alguns deles não existem na maior parte dos caminhões novos, com exceção de alguns pesados.

A Scania, que tem o caminhão pesado mais vendido do país, o Série R, também disponibiliza os itens, que totalizam aproximadamente R$ 35 mil. Com todos estes recursos, um R 440 6×2 custa cerca de R$ 540 mil.

A Volvo também oferece estes equipamentos em seu pesado, o FH. A fabricante, no entanto, não informou os preços até o fechamento desta reportagem.

A assistência ativa de frenagem, por meio de um radar instalado na dianteira do caminhão, detecta um veículo mais lento à frente.

 Falando em freios, eles possuem ABS (que evita o travamento das rodas) específicos para cavalo e carreta, e são auxiliados pelo controle de tração. Também há assistente de partida em rampas, que segura o caminhão em ladeiras por até 3 segundos.

 Como se fosse carro

E para colocar o gigante em movimento? A tecnologia facilita tudo: é quase tão simples quanto dar a partida em um carro. Basta virar a chave, liberar o freio de estacionamento (no painel) e selecionar a marcha – que não é necessariamente a primeira.

Transmissão automática ou automatizada não é “luxo” dos pesados: ela também já é oferecida em categorias intermediárias.

Mesmo carregado com 53 toneladas, em piso plano, o caminhão começa a se movimentar em terceira marcha – a primeira é usada quando há maior demanda de potência e torque.

A suavidade, mesmo em um veículo deste porte, impressiona. Como o objetivo não é vencer nenhuma corrida, ele ganha velocidade lentamente.

Sem esforço

Seguindo a proposta de economizar combustível, as marchas são trocadas de forma imperceptível e a giros baixos. Enquanto isso, o motorista não faz esforço algum graças à assistência na direção.

Por outro lado, é preciso ficar atento nas curvas, afinal, todas as referências de espaço mudam quando se sai de um carro de passeio para uma carreta de 18 metros. No caminhão, o motorista começa a esterçar o volante mais tarde, quase “dentro” da curva.

O motorista ainda tem à disposição um computador de bordo mais completo do que de carro da própria Mercedes, com dezenas de informações, como pressão da turbina, temperatura e horas de uso do motor, do óleo, status da bateria e dos eixos. A tela também informa quando é necessário realizar a manutenção do caminhão.

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