Consumo de álcool e drogas preocupa autoridades de trânsito

22/06/2020 às 10:38 am

O abuso de álcool e de outras drogas durante o isolamento social imposto pela pandemia teve, em um primeiro momento, pouco reflexo no trânsito do país que registrou, de forma generalizada, uma queda nos registros de ocorrências e, por consequência, no índice de mortos e feridos em quase todos os estados da federação.

Mas, com a gradativa retomada das atividades econômicas e laborais o quadro mudou e começou a preocupar as autoridades de trânsito e até a própria Organização Mundial da Saúde (OMS), que chegou a recomendar aos países membros da entidade que, se possível, limitem a venda de bebidas alcoólicas. No Brasil, exceto pelo fechamento de bares e restaurantes para uso das instalações, não houve restrições de venda no balcão (sem consumo no local) e para delivery durante a pandemia. “O consumo de álcool em casa, fora dos padrões regulares, seguido da necessidade de as pessoas se deslocarem eventualmente, não deixam também de ser preocupantes”, afirma Victor Pavarino, consultor de segurança no trânsito e mobilidade sustentável da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Na opinião de especialistas, é preciso que as equipes de fiscalização de trânsito nas cidades brasileiras, que estavam em parte ociosas pelo baixo fluxo de veículos em circulação, retomem as medidas de controle nas vias, identificando e afastando do tráfego condutores identificados em situações típicas de uso e consumo de qualquer substância psicoativa. Com a flexibilização gradual do isolamento social será inevitável o aumento do movimento das ruas e a possibilidade de um maior número de acidentes. As pessoas, depois de meses de confinamento voltam com muita expectativa, antes contida, buscando resgatar as oportunidades e o tempo perdido. O receio desse comportamento é que ele venha acompanhado por mais veículos em circulação, excesso de velocidade, desrespeito à sinalização e a perigosa mistura álcool + drogas & direção.

A preocupação com o uso e consumo de álcool e drogas no trânsito se fundamenta no fato de que esse comportamento é um dos fatores que influenciam na severidade ou fatalidade dos acidentes de trânsito. De acordo com a OMS, condutores sob o efeito dessas substâncias psicoativas têm 17 vezes mais chances de se envolverem em um acidente com fatalidade. Isso porque, segundo estudo realizado pela Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), são substâncias que além de comprometerem a capacidades cognitivas reduz as chances de sobrevivência. Quanto maior o consumo de álcool, cocaína, anfetaminas e opioides, mais chances de ferimentos graves e óbito.

Os principais efeitos das substâncias psicoativas no condutor

*Redução da coordenação motora, resultando em limitações para realizar mais do que uma tarefa por vez;

*Aumento do tempo de reação, limitando a habilidade para lidar com situações inesperadas (um veículo se aproximando, uma criança atravessando a rua, etc);

*Diminuição do discernimento e uma falsa sensação de autoconfiança, aumentando a tolerância com situações de risco, como dirigir em altas velocidades;

*Diminuição da concentração, memória, visão e audição, o que limita muitas das faculdades necessárias para uma direção segura.

Fonte: Relatório Anual de Segurança Viária, OMS e ABRAMET

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