Dependência química e trabalho: o perigo dessa doença

27/05/2016 às 6:20 pm

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Por: Márcio Liberbaum, Presidente do Instituto de Tecnologias para o Trânsito Seguro (ITTS)

 

“Dependência química é doença grave que impossibilita o exercício de profissões de risco”

O uso de drogas é uma rotina entre motoristas profissionais. Elas se configuram como única e criminosa maneira de suporte ao corpo humano, para o cumprimento das longas jornadas de trabalho impostas ou auto impostas aos nossos motoristas nas ruas e nas estradas brasileiras.

Entre outros efeitos, a químico dependência provoca:

  • Déficit agudo de atenção.
  • Perda da capacidade de concentração e ausência de foco.
  • Perda de reflexos e de capacidade reativa.
  • Perda de psicomotricidade e sincronia de movimentos.

Agora, o uso regular de drogas pode ser constatado e mensurado através do exame de queratina, mais conhecido como teste do cabelo. O exame possui larga janela de detecção e verifica o índice de substâncias psicoativas, as drogas, presentes no organismo em um período de no mínimo 90 dias anteriores à coleta. Por isso, o teste do cabelo é ferramenta central na elaboração de políticas públicas preventivas para o combate ao uso de drogas em geral, e ao uso de drogas por motoristas profissionais, em particular.

Dessa forma, o exame do cabelo possui grande superioridade em relação aos exames de sangue, de urina e de saliva, que possuem curta janela de detecção, ou seja, verificam a presença de drogas no organismo somente dentro de um curto período de 72 horas anteriores à coleta. Esses exames são, por isso, adequados apenas para a formulação de políticas públicas de caráter repressivo ou de verificação instantânea, ou seja, aquelas políticas complementares, sabidamente mais onerosas e menos eficazes que as políticas de prevenção.

PREVENIR É PRECISO

O exame de queratina se antecipa ao possível uso das drogas e evita sua ocorrência. As políticas públicas de saúde vitoriosas no combate às doenças de grande difusão são sempre e em todo o mundo as políticas públicas preventivas. É importante ressaltar que nossos motoristas não se drogam por lazer, mas sim se dopam, com o propósito único de dirigir dezenas de horas a fio, como forma de suportar a enorme pressão de seu trabalho e, com isso, acabam praticando concorrência desleal com outros transportadores, pondo a risco a própria vida e a vida de terceiros.

Não por acaso, os motoristas das categorias C, D e E (majoritariamente ônibus, caminhões e vans) conduzem veículos representativos de menos de 4% da frota veicular brasileira e, ainda assim, participam de mais de 40% dos acidentes com mortes em nossas estradas.

OS ÍNDICES MORTAIS  DO TRÂNSITO BRASILEIRO

O Brasil é o terceiro país que mais mata no trânsito mundial, com 2 milhões de acidentes contabilizando anualmente 500 mil vítimas com danos permanentes e 55 mil mortes. O custo da violência no transito é 50 bilhões de reais anuais, segundo o IPEA e de 180 bilhões anuais, segundo a Federação Nacional de Seguros. 70% dos leitos do Sistema Único de Saúde são ocupados por vítimas do transito.

Por tudo isso, o exame toxicológico preventivo para motoristas profissionais já é obrigatório nos Estados Unidos desde 1988, com aplicação por parte das maiores transportadoras do país. Entre elas, a J.B. Hunt, que após tornar obrigatório o exame toxicológico de larga janela de detecção na contratação de seu pessoal, ZEROU a presença de drogas em acidentes com seus motoristas.

Motoristas profissionais são profissionais do volante, que recebem permissão do estado brasileiro para prover seu sustento e de suas famílias, conduzindo diariamente vidas e valores, manobrando veículos grandes e pesados, por longos períodos de tempos, o que aumenta sua exposição a riscos e que deles requer, invariavelmente:

  • Permanente estado de atenção.
  • Grande capacidade de concentração e foco.
  • Reflexos apurados e excelente capacidade reativa.
  • Boa psicomotricidade e sincronia de movimentos.

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