
GPS: Sistema pode ajudar até a sair da garagem!
Nem parece, mas já faz mais de dez anos que a navegação por satélite, o famoso GPS, é oferecido em carros nacionais. O sistema de posicionamento global já era popularizado na indústria e em áreas tão distintas como a de alpinismo e extração de petróleo, mas só em 2008 o Fiat Linea passou a oferecer o recurso para dar aquela ajuda extra na hora de procurar um caminho.
Pelo menos no Brasil, o Waze foi uma das poucas adições ao recurso entre os carros nacionais. Mas as fabricantes vêm usando o GPS para adicionar diversas funcionalidades aos veículos, indo de frugalidades como o ar-condicionado até a melhora na segurança em trânsito urbano.
Um dos primeiros recursos extras que o GPS permitiu foi a melhora da iluminação. A indústria já usava faróis adaptativos há décadas, mas no começo eles eram restritos ao volante: o facho só virava quando o motorista iniciava a curva. Os satélites mudaram isso, e permitiram ao carro “saber” a proximidade de uma curva ou esquina muito antes. Assim é possível, por exemplo, alargar o facho ao se aproximar de um cruzamento, para ver a presença de pedestres, ciclistas ou outros carros ao redor.
O câmbio foi outro rapidamente integrado ao GPS, graças aos caminhoneiros. No transporte de cargas eficiência é tudo, e manter o motor sempre na rotação ideal significa um bom dinheiro economizado na hora de reabastecer. Por isso, a Mercedes e outras grandes fabricantes integraram os mapas do sistema de posicionamento aos caminhões, que podem reduzir as marchas antes do veículo perder o embalo em uma subida ou curva mais fechada. As descidas também ficaram mais seguras, já que toda a central eletrônica dos peso-pesado sabe com antecedência a inclinação e extensão das estradas, podendo aproveitar a inércia sem o risco de sobrecarregar os freios.
A mesma Mercedes adicionou aos seus carros de passeio o ar-condicionado integrado ao GPS. Aqui a função é simples, mas prática: o recirculador desses modelos é ativado sempre que o carro se aproxima da entrada de um túnel, reabrindo a captação de ar externo ao sair dele. Já a conterrânea BMW acoplou o acesso dos satélites ao sistema de câmeras frontal dos carros, permitindo aos motoristas que programem saídas de garagem ou esquinas de difícil visualização no GPS. Assim, sempre que se aproximarem desses locais, a câmera frontal do carro é ativada automaticamente, oferecendo uma visão extra ao motorista. E, nos últimos meses, a empresa oferece um aplicativo que memoriza o lugar onde você sempre abre o vidro (como próximo a um parque) e repete o procedimento sozinho na próxima vez que você passar pelo mesmo local.
Saber que seu carro monitora sua localização o tempo inteiro não é a informação mais agradável para quem busca privacidade. Mas, na maioria dos modelos, a localização obtida pelo GPS é informada apenas para o próprio veículo, e não é enviada para nenhuma central externa. Isso, porém, deve começar a mudar com a popularização da condução semi-autônoma, que demanda maior conexão entre os carros para melhorar o controle do tráfego.
Esses novos recursos, por enquanto, não significam perda de privacidade, mas é ilusão achar que dá para escapar do monitoramento quando quase todo mundo leva no bolso um dispositivo passível de rastreamento constante: os nossos celulares.