Mortes por acidentes de trânsito – um holocausto anual

03/04/2018 às 4:17 pm

Publicado em: Jornal do Brasil

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os acidentes de trânsito foram responsáveis por um número estimado de 1,24 milhão de mortes em todo o mundo em 2016. Entre 20 milhões e 50 milhões de pessoas sofreram lesões não fatais, e muitas dessas lesões causaram alguma deficiência.

Embora uma pessoa seja morta a cada 25 segundos, apenas 28 países, representando um universo de 449 milhões de pessoas (7% da população mundial), têm leis adequadas que contemplam todos os cinco fatores de risco (velocidade, álcool ao volante, capacetes, cintos de segurança e sistemas de retenção). E a situação é mais grave nos países de baixa e média renda, que de tém 54% dos veículos, mas respondem por 90% das mortes relacionadas a acidentes de trânsito.

Isso ocorre porque mais de um terço das mortes no trânsito em países de baixa e média renda estão entre pedestres e ciclistas. Quando somados os motociclistas, que representam 25% das mortes, os chamados “vulneráveis” ultrapassam 50% das mortes. No entanto, menos de 35% dos países de baixa e média renda têm políticas em vigor para combater e evitar esse tipo de acidente.

A taxa média de mortalidade foi de 17,4 por 100.000 pessoas. Países de baixa renda detêm os piores indicadores anuais de mortes decorrentes de acidentes por condução de autos – 24,1 por 100.000. Já nos países de alta renda, a taxa é menor – 9,2 por 100.000. 74% das mortes no trânsito ocorrem em países de renda média, que respondem por 70% da população mundial, mas apenas 53% dos veículos registrados no mundo. Em países de baixa renda é ainda pior. Apenas um por cento dos carros registrados no mundo produzem 16% das mortes no trânsito do mundo.

Há grandes disparidades nas taxas de mortalidade de tráfego rodoviário entre as regiões. O risco de morrer como resultado de uma lesão no tráfego rodoviário é mais elevado na Região Africana (26,6 por 100.000 habitantes) e menor na Região Europeia (9,3 por 100.000).

Os números totais de fatalidades vêm do relatório da OMS e é muitas vezes um número ajustado de mortes no trânsito rodoviário, a fim de refletir os diferentes relatórios e métodos de contagem entre os muitos países, ou para compensar a chamadas subnotificações.

Entre os eventos apontados, relacionados à ocorrência de fatalidades, destacamos os seguintes exemplos para o ano de 2016 e em alguns casos 2015: Áustria. (455), Itália (3.753), Espanha (1.730), Japão (5.971), China (231.367), Estados Unidos (34.064), Brasil (42.756), Chile (2.179), Argentina (5.769), Alemanha (3.540), Austrália (3.540) e Reino Unido (1.827).

No Brasil, impacto é maior entre os jovens

O Brasil tem indicadores desconcertantes sobre a quantidade de acidentes com pessoas e o número de vítimas fatais de trânsito ou de incapacitados. Em 2017, foram 52 mil acidentados, aumento de 23% em relação aos 42 mil registrados em 2015. Estamos pior que os Estados Unidos, que registrou 33 mil vítimas de acidentes de trânsito com uma frota seis vezes maior e uma população que corresponde a uma vez e meia a brasileira.

E o mais grave, os acidentes afetam diretamente toda a nossa sociedade, as vítimas de acidentes são, em sua maioria, jovens entre 18 e 34 anos, idade considerada economicamente ativa. Essa faixa etária concentrou 52% dos acidentes fatais e 54% dos acidentes com sequelas permanentes durante o período. No mundo, 59% faz mortes no trânsito ocorrem entre 15 e 44 anos e 77% de mortes na estrada são entre os homens.

Homens jovens brasileiros são as maiores vítimas

De acordo com os dados do seguro obrigatório para ressarcimento das vítimas de trânsito, DPVAT, 88% das indenizações por morte em acidentes com motocicletas foram para vítimas do sexo masculino. No caso de acidentes que resultaram em sequelas permanentes, 79% das indenizações também foram para vítimas do mesmo sexo.

A região Nordeste concentrou 38% das indenizações por morte e invalidez por acidentes com motocicletas no período analisado. As motocicletas representam 44% da frota de veículos da região Nordeste, enquanto que no Brasil representam 27%. Trata-se de uma enorme frota irregular, já que somente 58,2% dos proprietários pagaram o seguro obrigatório em 2017, contra 72% dos detentores de automóveis e 75,2% dos veículos pesados (Ônibus e Caminhão).

Um elemento importante na análise, dos efeitos dos acidentes, perdas matérias e vida e o fato que o ressarcimento as vítimas repousam, quase que exclusivamente das indenizações oriundas do seguro obrigatório.

O Brasil possui uma frota segurada contra perda, roubo de veículos, normalmente essas apólices, são também dotadas de alguma cobertura para eventuais ressarcimentos contra riscos de possíveis condenações e assunção de responsabilidade civil pelo  condutor; em torno de 16 milhões de unidades de 2016, contra uma frota existente de 94 milhões pelos dados do Denatran ou de 43 milhões pelos números mais conservadores, Ou seja, em média, a frota segurada ficaria entre 17% e 37% do total existente, dependendo do critério utilizado.

O que significa que somente um percentual pequeno da população tem preocupação com eventuais indenizações adicionais a possíveis vítimas de acidentes ocasionadas por condutores de automóveis.

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