Redução do limite de velocidade em vias urbanas

13/05/2022 às 3:30 pm

Frente Parlamentar em Defesa do Trânsito Seguro recomenda redução da velocidade nas vias urbanas com base em estudos de entidade ligada a ciclistas.

Participantes de reunião da Frente Parlamentar em Defesa do Trânsito Seguro da Câmara dos Deputados pediram na terça-feira, 03/05, a redução do limite de velocidade das vias urbanas. Esse é um dos objetivos do programa “Vias Seguras”, lançado pela União dos Ciclistas do Brasil (UCB), para levantar dados e propor soluções de mobilidade urbana para melhorar o convívio de pedestres, pessoas com mobilidade reduzida e ciclistas. Hoje, o Código de Trânsito Brasileiro permite velocidade de até 80 km/h em vias urbanas de trânsito rápido. A diretora da UCB Ana Carboni defendeu que o limite atual seja alterado para 60 km/h, e que a velocidade em vias rurais passe a ser de até 30 km/h. “Existem boas práticas nesse sentido no Brasil, como Fortaleza, que atingiu a meta da ONU, e o Rio de Janeiro, que também está readequando a velocidade das vias”, explicou. A capital cearense, frisou Carboni, reduziu em 50,3% o número de mortes no trânsito na última década. Segundo ela, o alto limite de velocidade está relacionado com o aumento da morte de ciclistas no trânsito durante o período da pandemia. Carboni informou que o atropelamento e a morte de ciclistas no país aumentaram 30% de 2019 para 2020, e mais 30% de 2020 para 2021.

Custo político – Apesar de ser uma medida de alto custo político, o analista do instituto de pesquisa WRI Brasil Bruno Rizzon disse que a redução da velocidade nas vias urbanas pode ser aprovada, se for baseada em pesquisas e no exemplo de iniciativas exitosas em mobilidade urbana. “A gente está querendo salvar vidas ou a velocidade? Com os compromissos que o País está tomando, estamos indo na direção correta, os estudos apresentados também ajudam a direcionar a segurança viária com a devida precaução, para que nossas cidades sejam mais seguras e atraentes”, sustentou. O deputado Hugo Leal (PSD-RJ), presidente da Frente Parlamentar, disse que as alterações devem ser feitas com justificativa à população. “Quando você fala em redução da velocidade a população tem uma certa irritação. Vai muito de como é passada essa informação, é preciso haver esclarecimentos técnicos sobre o que causa um impacto em uma determinada velocidade”, disse. Ambos, Hugo Leal e Rizzon, observaram que o Brasil já conta com legislação que permite revisar os limites de velocidade de acordo com o entorno das vias, bem como adaptá-los às indicações de organizações internacionais, como é o caso do Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito (Pnatrans). A deputada Christiane de Souza Yared (PP-PR) disse que é muito difícil conhecer os desafios enfrentados pelo ciclista sem nunca ter usado esse modal para se locomover. “Ninguém pertence a uma causa que não conheça. Não se tem mudança de comportamento, se não se pertence àquilo”, sustentou. Nessa linha, a deputada destacou um programa realizado em Curitiba pelo qual motoristas de ônibus experimentaram usar a bicicleta e foram submetidos a situações pelas quais passa o ciclista. Yared lembrou que a capital do Paraná conseguiu reduzir em 41% as mortes no trânsito na última década. Em defesa do uso de modais em que a pessoa é responsável pelo seu próprio deslocamento, a presidente da UCB, Ruth Costa, informou que 80% dos espaços viários das cidades são dedicados a automóveis que são usados por apenas 30% das pessoas. Ela destacou que a Lei da Política Nacional da Mobilidade Urbana atribui aos municípios a competência de elaborar programa que privilegie a mobilidade ativa e o transporte coletivo, como alternativa à dependência aos automóveis.

Fonte: Agência Câmara de Notícias

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