Os Carros do Futuro (em 1969)
Robert E. Fenton e Karl W. Olson acreditavam que o transporte coletivo aliviaria o trânsito do futuro. Mas eles também suspeitavam que as pessoas iriam continuar preferindo a praticidade e privacidade do transporte individual, como carros e motos. Para resolver o problema do tráfego intenso em grandes rodovias americanas, os dois propuseram a criação de um automóvel que se locomovesse sem motorista, por uma via com controle de tráfego inteligente.
Seria natural que estivéssemos falando de um dos muitos laboratórios que se debruçaram sobre esta tecnologia na primeira década do século XXI, mas o estudo de Robert e Karl foi publicado em 1969.
Nesse ano, os dois engenheiros da Universidade de Ohio publicaram um artigo chamado The electronic highway1. Foi a primeira vez que um estudo científico analisou seriamente a possibilidade de um veículo autônomo. Até então, Estes carros do futuro eram apenas fruto da imaginação de escritores de ficção científica.
(Esta não foi a primeira tentativa de um controle de tráfego automatizado e inteligente, que já havia sido proposto por Charles Adler no incrível ano de 1925. Mas isso é assunto para outro texto.)
No artigo, os engenheiros discorreram sobre o trânsito em 1969:
“Um exame das condições de tráfego atuais – rodovias congestionadas, um grande número de acidentes e fatalidades, carros extremamente poderosos – indicam a necessidade de melhorias no sistema de rodovias. Infelizmente, as condições serão muito piores na próxima década. ”
Para resolver este problema, defenderam a automação de veículos individuais, mais ou menos como acompanhamos nos recentes lançamentos tecnológicos de empresas como Google e Tesla.
Os dois cientistas vão além, prevendo que, no futuro, buscaremos motores melhores do que os de combustão interna:
“A escolha [por diferentes motores] provavelmente será ditada pela poluição do ar e disponibilidade limitada de combustível fóssil. Uma possibilidade interessante envolve os carros elétricos”.
Entre outras inovações, eles acreditavam ser possível criar um modelo de autopista que transmita eletricidade diretamente para os automóveis, carregando-os à medida que trafegam; algo que vêm sendo testado atualmente na Suécia.
No ano que vem o artigo fará 50 anos, e o que era verdade à época continua verdade hoje: as estradas são lugares perigosos e caóticos, e os automóveis ainda são o meio de locomoção preferido da maioria da população. Ainda é verdade, também, que as melhorias no trânsito passam pelo desenvolvimento tecnológico.
1Estudo publicado na IEEE Spectrum ( Volume: 6, Issue: 7, July 1969 )
Fotografias: Universidade de Ohio